segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Seminário agricultura irrigada com desenvolvimento sustentável
Dia 24 de Setembro de 2009 na UFU
INSCRIÇÕES: http://www.agriculturairrigada.ufu.br/node/10
Programação
8h00' às 8h30':
CREDENCIAMENTO
8h30' às 10h30':
ABERTURA
- Professor Doutor Alfredo Júlio Fernandes Neto – Magnífico Reitor da Universidade Federal de Uberlândia;
- Professora Doutora Marlene Teresinha de Muno Colessanti – Diretora do Instituto de Geografia;
- Representante do Governo Federal;
- Ministro da Integração Nacional, Deputado Federal Geddel Vieira Lima;
- Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Deputado Federal Reinold Stephanes;
- Dr. Egon Krakheche, da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural, representando o Ministério do Meio Ambiente;
- Diretor Presidente da Agência Nacional de Águas, José Machado;
- Representante do Governo do Estado de Minas Gerais;
- Prefeito Municipal de Uberlândia, Odelmo Leão Carneiro;
- Presidente da Câmara Municipal de Uberlândia;
10h30' às 12h00':
MESA: A irrigação no Brasil
Presidente: Professor Doutor Darizon Alves de Azevedo – Magnífico Vice Reitor da UFU
Palestrante: Doutor Antonio Félix Domingues – Agência Nacional de Águas (ANA)
Debatedores:
- Marcelo Borges Lopes - ABIMAQ
- Fernando Rodriguez - consultor do Projeto de Irrigação Manuel Alves
- Deputado Federal Gilmar Machado – Vice Líder do Governo no Congresso Nacional.
12h00' às 12h30':
DEBATE aberto ao público
12h30' às 14h00':
ALMOÇO
14h00' às 15h30':
MESA: Estágio Tecnológico da Irrigação no Brasil
Palestrante: Secretário Adjunto da Agricultura do Estado de Minas Gerais, Doutor Paulo Afonso Romano
Debatedores:
- Professor Doutor Rubens Duarte Coelho (ESALQ-USP)
- Professor Doutor Antônio Giacomini Ribeiro – Instituto de Geografia (IG/UFU)
- Senhor Inocêncio Candido Borges Neto – Associação dos Usuários de Água da Região de Monte Carmelo
- Comitê da Bacia Hidrográfica dos Afluentes Mineiros do Alto Paranaíba.
- Deputado Federal Narcio Rodrigues
15h30' às 15h50':
COFFEE BREAK
15h50' às 17h20':
MESA: Desafios na Gestão da Água e da Irrigação
Presidente: Diretora Geral do IGAM Cleide Izabel Pedrosa de Melo
Palestrante: José Machado - Presidente da ANA.
Debatedores:
- Deputado Paulo Piau para comentar o Projeto de Lei que cria a Política Nacional de Irrigação em tramitação na Câmara dos Deputados.
- Representante da Via Campesina
- Professor Dr. Reges Eduardo Franco Teodoro – Diretor do Instituto de Ciências Agrárias (UFU)
17h20' às 18h30':
DEBATES e ENCERRAMENTO
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Nas mãos do presidente
Ruralistas querem expandir "leis antiambientais"
Marina Silva
De Brasília (DF)
A aprovação da Medida Provisória (MP) 458/09, semana passada, no Plenário do Senado, foi o terceiro momento mais triste da minha vida. O primeiro foi quando, ainda adolescente, perdi minha mãe, duas de minhas irmãs e meu tio, num curto espaço de tempo. O segundo foi quando assassinaram Chico Mendes. Agora, meu luto é pela Amazônia.
A MP 458, que está nas mãos do presidente Lula, vai regularizar a posse de 67 milhões de hectares de terra na Amazônia, um patrimônio nacional superior a 70 bilhões de reais, considerando apenas a terra nua. O problema é que, a título de legalizar a situação dos pequenos agricultores, dos posseiros de boa-fé, cujos direitos estão salvaguardados pela Constituição, os maiores beneficiados serão os grileiros, aqueles que cometeram o crime de apropriação de terras públicas e estão por trás da exploração fundiária irregular, da violência e do desmatamento ilegal.
Enviei carta aberta ao presidente pedindo veto a três artigos da MP, o 2º, o 7º e o 13º. Ainda que não conserte todo o mal que ela causa, a supressão desses dispositivos pode amenizar alguns de seus efeitos.
O primeiro veto que proponho é para impedir a regularização das terras ocupadas por prepostos (laranjas), o que está previsto nos incisos II e IV do artigo 2º e no 7º, uma vez que eles possibilitam a legalização de terras griladas, permitindo a transferência de terras da União para pessoas jurídicas, para quem já possui outras propriedades rurais e para a ocupação indireta. Essa forma de ocupação e exploração não deve ser beneficiada, pois desconsidera os critérios de relevante interesse público e da função social da terra.
Já o artigo 13 deve ser vetado para impedir a exclusão de vistoria prévia, procedimento fundamental para identificar a natureza da ocupação e, principalmente, a existência de situações de conflito na área a ser regularizada. Isso, em muitos casos, pode significar a usurpação de direitos de pequenos posseiros isolados, com dificuldade de acesso à informação, de mobilidade e de reivindicação de seus direitos.
Outro pedido que consta da carta aberta enviada ao presidente Lula é de que todo o processo de regularização fundiária seja caracterizado pela transparência e assegure a efetiva participação da sociedade civil, notadamente os representantes dos segmentos ambiental, acadêmico e agrário.
Se o presidente nada fizer, não serão os ambientalistas a sair perdendo, mas o Brasil. O que está em jogo é a vida de milhões de pessoas e a conservação da floresta - uma vez que a grilagem já demonstrou ser o primeiro passo para a devastação ambiental. E não só eu que o diz. Para o Procurador Federal no Estado do Pará, Dr. Felício Pontes, "a MP 458/09 vai legitimar a grilagem de terras na Amazônia e vai jogar por terra 15 anos de intenso trabalho do Ministério Público Federal no estado do Pará, no combate à grilagem de terras."
Segundo a Comissão Pastoral da Terra, 1.377 pessoas estão ameaçadas de morte na Amazônia, entre as quais juízes, procuradores e lideranças que dedicaram a vida à causa da justiça, da lei e da proteção ao patrimônio do povo brasileiro. De 1999 a 2008 ocorreram 5.384 conflitos de terra na região, com 253 assassinatos e 256 tentativas de assassinato.
A MP 458 não foi o único grande retrocesso na legislação ambiental brasileira. Tivemos ainda a edição do Decreto 6848/08, que estipulou um teto para a compensação ambiental, ou seja, independente do prejuízo causado ao meio ambiente, o responsável pelos danos não irá desembolsar mais do 0,5% do valor total da obra; a modificação, após cinco meses de sua edição, do Decreto 6514/08, que exigia o cumprimento da legislação florestal; e a revogação da legislação que protegia as cavernas brasileiras. Para piorar, corremos o risco de ver alterada toda a legislação ambiental do País, por meio de uma proposta apresentada pela bancada ruralista na semana passada, que claramente quer expandir para o Brasil a legislação antiambiental aprovada recentemente em Santa Catarina.
Está com o presidente a decisão de impedir um dos maiores retrocessos na história da luta pela preservação das florestas e pela justiça ambiental no Brasil. No Dia Mundial do Meio Ambiente, 31 organizações da sociedade civil reforçaram, em nota pública, "repúdio à tentativa de desmonte do arcabouço legal e administrativo de proteção ao meio ambiente arduamente construído pela sociedade brasileira". Esta manifestação corresponde às análises que os formadores de opinião e a mídia vêm externando e ao sentimento da população captado por pesquisas de opinião. Cabe agora ao presidente Lula avaliar e agir, enquanto é tempo.
Fonte:http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3813710-EI11691,00.html
Governo Lula: da promessa de Reforma Agrária à grilagem e Agro-negócio
Governo Lula: da promessa de Reforma Agrária à grilagem e Agro-negócio
Carlos Alberto Franco da Silva e Flávio Almeida Reis
Na campanha de 2002 Lula disse que se fizesse só uma coisa durante seu governo essa seria a Reforma Agrária. Isso está cada dia mais longe!
O que diz a Lei 11.952/09 sancionada por Lula
A Lei 11.952/09 resultou da conversão da Medida Provisória 458/09 (MP 458). Ela dispõe sobre a regularização fundiária em terras da União no âmbito da Amazônia Legal. Sua aprovação implicará uma série de impactos sobre a estrutura fundiária desta região. Isso porque, de um modo geral, muitas das grilagens na Amazônia foram feitas com violência, trabalho escravo e degradação ambiental. Práticas que poderão continuar ocorrendo porque a Lei facilita a violação do direito de acesso à terra por comunidades quilombolas que tradicionalmente já ocupam uma área.
Além disso, não exige vistoria obrigatória nas áreas de até 4 módulos fiscais; E institucionaliza a desigualdade entre o tempo mínimo para possibilidade de venda da terra, em função do tamanho da propriedade.
Conforme a Lei, as áreas regularizadas de até 4 módulos fiscais só poderão ser vendidas após 10 anos, já para as áreas de 4 a 15 módulos, o prazo é de apenas 3 anos.
Tem-se assim uma flagrante discriminação que beneficia os grandes proprietários e ainda favorece a especulação imobiliária na Amazônia à custa do patrimônio público. A Lei também contém dispositivos que permitem a fraude, ao possibilitar que pessoas que não ocupam de fato as áreas recebam títulos de propriedade ou concessão de direito de uso das terras.
Outro ponto grave é o fato de não exigir dos posseiros a recuperação de áreas degradadas no passado como condição para ter a posse regularizada. Na transformação da MP 458 em Lei, não foram sancionados os itens que tratavam da punição sobre métodos de desmatamento irregular, tal como se dá com o desmatamento sem autorização competente, sem plano de manejo ou sem estudo de impacto ambiental.
Com isso, os latifundiários foram os maiores beneficiados com esta Lei – conhecida como Lei da legalização da grilagem e do desmatamento. Através dela, dos 67 milhões de hectares de terras regularizadas na Amazônia, 72% ficarão sob o controle de apenas 7% de posseiros (!).
Por que essa Lei passou?
Lula sancionou essa Lei para conservar sua coalizão com os latifundiários, ato que reforça o compromisso do Estado com a acumulação de capital pelas corporações de exportação de gado, soja e outras commodities. Lula vem se rendendo cada vez mais aos interesses de políticos como Blairo Maggi, Governador de MT – o “Rei da Soja”; Sarney, oligarca do Maranhão (um dos lugares onde a grilagem mais avança) e Stephanes, ex-deputado do ARENA e atual Ministro da Agricultura.
Um dos interesses de Lula é consolidar sua aliança com os partidos de direita para eleger Dilma em 2010. Como se fosse possível governar para os trabalhadores se juntando a quem quer abrir uma cova para cada militante campesino, conforme ocorreu em julho na chacina de 5 companheiros do MST em Pernambuco.
O fato é que ao não vetar a MP 458, Lula se tornou co-autor, junto da Bancada Ruralista, da Lei nº 11.952/09. Dessa forma, Lula pisoteou a história do PT e do companheiro Chico Mendes, insultou as reivindicações dos movimentos sociais ao permitir privilégios injustificáveis em favor de grileiros que se apropriaram ilicitamente, no passado, de vastas extensões de terras públicas. Assim, Lula suja suas mãos com o capitalismo, sistema que, para continuar existindo, precisa destruir a natureza e derramar o sangue dos que lutam por igualdade e justiça social.
A saída é romper com a burguesia e construir o socialismo!
Devemos exigir de Lula a revogação da Lei 11.952/2009 já! E exigir a ruptura das alianças com a burguesia e construção de um governo com as organizações dos trabalhadores do campo e da cidade. Só com uma política coerente com os interesses dos explorados e oprimidos poderemos abolir a propriedade privada dos meios de produção e construir um mundo com igualdade.
Para construir o socialismo, é necessário plantar a Reforma Agrária, assim como defende o MST. Levantar essa bandeira também é o combate da Esquerda Marxista. Juntem-se a nós!
16 de Julho de 2009.
Fonte: http://www.marxismo.org.br/index.php?pg=artigos_detalhar&artigo=385
quarta-feira, 24 de junho de 2009
*Nova soja transgênica pode trazer à cena o agente laranja*
29/05/2009 - 01h05
Multinacional Dow AgroSciences pediu à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) liberação de estudos de nova soja transgênica. Suspeita-se que a variedade seja resistente à um antigo herbicida, o 2,4-D, componente do agente laranja.
Segundo boletim da Campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos, o uso do glifosato, herbicida aplicado em transgênicos liberados, está perdendo a eficácia pois as plantas `invasoras` estão cada vez mais resistentes.
Esse é o motivo das empresas começarem a usar herbicidas ainda mais tóxicos, como o 2,4-D. Em 5 de fevereiro, um boletim da Frente Parlamentar da Agropecuária informou sobre a solicitação da Dow à CTNBio para conduzir testes de campo com soja transgênica tolerante ao 2,4-D.
Esta substância é um dos componentes do agente laranja, usado na Guerra do Vietnã pelos Estados Unidos para desfolhar matagais e bosques.Extremamente tóxico, o herbicida é responsável pelo aparecimento de milhares de casos de câncer, doenças neurológicas e pelo nascimento de crianças deficientes no Vietnã.
A Campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos sugere que a divulgação pública do nome 2,4-D poderia impedir a liberação dos estudos. Por isso a Dow teria omitido o nome do herbicida no pedido feito à CTNBio.
No pedido, consta apenas a descrição de “soja transgênica tolerante a herbicidas”.
Fonte: Agência Pulsar
--
Dr. Althen Teixeira Filho
Professor Titular
Universidade Federal de Pelotas
Instituto de Biologia
Disciplina de Anatomia dos Animais Domésticos
53 - 3275.7339 / 8405.4034
althen@ufpel.tche.br / althent@gmail.com
Multinacional Dow AgroSciences pediu à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) liberação de estudos de nova soja transgênica. Suspeita-se que a variedade seja resistente à um antigo herbicida, o 2,4-D, componente do agente laranja.
Segundo boletim da Campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos, o uso do glifosato, herbicida aplicado em transgênicos liberados, está perdendo a eficácia pois as plantas `invasoras` estão cada vez mais resistentes.
Esse é o motivo das empresas começarem a usar herbicidas ainda mais tóxicos, como o 2,4-D. Em 5 de fevereiro, um boletim da Frente Parlamentar da Agropecuária informou sobre a solicitação da Dow à CTNBio para conduzir testes de campo com soja transgênica tolerante ao 2,4-D.
Esta substância é um dos componentes do agente laranja, usado na Guerra do Vietnã pelos Estados Unidos para desfolhar matagais e bosques.Extremamente tóxico, o herbicida é responsável pelo aparecimento de milhares de casos de câncer, doenças neurológicas e pelo nascimento de crianças deficientes no Vietnã.
A Campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos sugere que a divulgação pública do nome 2,4-D poderia impedir a liberação dos estudos. Por isso a Dow teria omitido o nome do herbicida no pedido feito à CTNBio.
No pedido, consta apenas a descrição de “soja transgênica tolerante a herbicidas”.
Fonte: Agência Pulsar
--
Dr. Althen Teixeira Filho
Professor Titular
Universidade Federal de Pelotas
Instituto de Biologia
Disciplina de Anatomia dos Animais Domésticos
53 - 3275.7339 / 8405.4034
althen@ufpel.tche.br / althent@gmail.com
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Site da Embrapa
Olá a tod@s, encontrei um interessante site da embrapa falando sobre impactos ambientais da cana de açúcar.
Desfrutem e levem para o debate:
http://www.cana.cnpm.embrapa.br/index.html
Desfrutem e levem para o debate:
http://www.cana.cnpm.embrapa.br/index.html
Monocultura de cana devasta o Cerrado no Alto São Francisco
Maria Luisa Mendonça, Brasil de Fato, 2 de julho de 2008
O cerrado é conhecido como “pai das águas”, pois abastece as principais bacias hidrográficas do País. Aqui estão as nascentes do rio São Francisco e seus afluentes, como o Samburá, o Santo Antônio e o rio do Peixe, além do Rio Grande, que deságua no rio Paraná. A fauna e a flora são riquíssimas e guardam muitas espécies ameaçadas de extinção. Na Serra da Canastra foram identificadas mais de 300 espécies de aves e 7.000 espécies de plantas.
No município de Lagoa da Prata já existia uma usina de açúcar desde a década de 70, de propriedade de Antonio Luciano, “coronel” e latifundiário, conhecido como um dos maiores grileiros de Minas Gerais. Mais recentemente, a empresa francesa Louis Dreyfus adquiriu esta usina e expandiu o monocultivo de cana para a produção de etanol. Nos últimos dois anos, outras empresas participam do processo de expansão da monocultura da cana na região. Os efeitos são devastadores.
Na fazenda de Antonio Luciano chegaram até a desviar o curso do rio São Francisco para facilitar o escoamento da produção, sem licença ambiental ou estudos técnicos. Tanto no período inicial de implantação da cana, como nesta fase recente, a monocultura substitui áreas de lavouras e criação de gado, além de destruir as reservas florestais e a mata ciliar. Na implantação dos plantios, as empresas fazem queimadas clandestinas das matas nativas à noite, derrubam e enterram as árvores, para fugir da fiscalização.
“Hoje é comum encontrarmos animais mortos nas estradas, fugindo da devastação das matas. Já encontramos lobos, raposas, tamanduá-bandeira, tamanduá-mirim, lontra, quati, tatu, serpentes, garças, corujas, lagartos, além de peixes mortos no rio, como surubins, que chegam a pesar 40 quilos. Plantam cana até na beira dos rios e das lagoas”, afirma Francisco Colares, professor de zoologia na Universidade de Iguatama.
Segundo Colares, a usina de Lagoa da Prata utiliza a água do São Francisco em todo o processo de produção-para irrigação durante o cultivo, para lavar a cana depois da colheita e para resfriar as caldeiras no processamento. Em um dos pontos de captação, o bombeamento é de 500 litros por segundo-quantidade de água suficiente para abastecer todo o município.
O processo de expansão é intenso. A Empresa Total está construindo uma usina em Bambuí e está prevista a implantação de mais três usinas na região-duas em Arcos e uma em Iguatama, além da expansão da produção em Lagoa da Prata. O cultivo de cana chega até a Zona de Amortecimento do Parque Nacional da Serra da Canastra, considerada pelo Atlas da Biodiversidade em Minas gerais como sendo de importância biológica extrema.
O parque fica entre as nascentes do rio São Francisco e a bacia do Rio Grande. A preservação da Zona de Amortecimento, ou área circundante ao parque, é essencial para garantir sua conservação. A produção de cana no local causa grande impacto, por seu potencial invasor, pelo intenso uso de agrotóxicos, entre outros. A Usina Itaiquara se instalou no município de Delfinópolis e plantou cana em áreas de preservação permanente, próximas ao grande reservatório de águas de Furnas.
“A cana chega até a margem do reservatório; plantam cana praticamente dentro d’água. Desmataram a área e praticaram queimadas, o que representa um grande risco para toda a região. O Ministério Público moveu uma ação contra a empresa e esperamos que a área seja recuperada em breve e que os responsáveis sejam punidos pelo dano ambiental. È necessário que os órgãos competentes fiscalizem essa atividade, pois a monocultura traz sérios problemas ambientais. O Brasil deveria priorizar uma agricultura diversificada”, afirma Joaquim Maia Neto, Chefe da unidade do IBAMA responsável pelo Parque Nacional da Serra da Canastra.
O Secretário de Agricultura e Meio Ambiente do município de Luz, Dario Paulineli, descreve outros impactos na região. “A cana se expandiu rapidamente nos últimos anos. A empresa Louis Dreyfus fez muitos contratos de arrendamento com agricultores locais e o impacto ambiental foi enorme. A usina aplica o veneno de avião e atinge os agricultores vizinhos e a população das cidades. Desmatam madeira de lei, árvores protegidas por lei como o pequizeiro e a gameleira, plantam cana perto das nascentes dos rios, não respeitam os estudos de impacto ambiental. Muitos animais estão morrendo com a devastação das matas”.
Para o agricultor Gaudino Correia, não vale a pena arrendar a terra. “Os contratos são de 12 anos e depois disso a cana já acabou com tudo. A usina usa máquinas pesadas para preparar a terra e causa erosão do solo. Depois queimam a cana e a cinza se espalha por toda a região. Eu não quis arrendar minha terra e estou cercado de cana. Aqui não tem mais terra para lavoura e por isso subiu tanto o preço dos alimentos. Meus vizinhos deixaram de produzir milho, feijão, café, leite e arrendaram a terra para a empresa Total. Eu ainda planto milho, feijão, e produzo leite, mas para o produtor o preço não aumentou, só para o atravessador e para a população. Ainda consigo produzir leite porque faço a ração. Se fosse comprar, não sobrava nenhuma renda. O preço da ração aumentou 50% e fica difícil criar animais”.
O agricultor Sebastião Ribeiro tem a mesma posição. “A usina insistiu, mas eu não quis arrendar minha terra. Meus vizinhos arrendaram e depois ficaram com depressão, porque é o mesmo que perder a terra. O que vai acontecer se os agricultores deixarem de plantar alimentos?” Ribeiro explica também que a usina faz irrigação da cana com pivô central, usando água do São Francisco.
Especialistas alertam que não há fiscalização eficiente sobre os impactos sociais e ambientais. “O Estado deveria priorizar a preservação das nascentes dos rios. É como desgastar as veias que levam o sangue para o coração. Essa expansão tem sido muito rápida e a idéia é dobrar a produção de cana na região. A agricultura familiar vai sumir e podem faltar alimentos”, afirma Lessandro da Costa, diretor da Associação Ambientalista do Alto São Francisco.
Apesar da propaganda das empresas, que dizem gerar emprego e desenvolvimento, organizações locais denunciam que as usinas não respeitam leis ambientais e trabalhistas. “Usam venenos violentos que afetam a saúde dos trabalhadores e da população. Onde antes se produzia milho, feijão, café, leite e outros alimentos, agora é só cana. Não há crédito para os pequenos produtores, mas o Banco do Brasil tem dinheiro de sobra para incentivar as grandes usinas, que destroem o cerrado e a Amazônia. Essa política vai deixar uma herança de destruição”, afirma Carlos Santana, assessor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bambuí.
Ele explica que “Aqui tem serviço, mas só braçal. Os trabalhadores chegam de todas as partes do país para cortar cana e o aluguel na região aumentou muito. Outra conseqüência foi o congestionamento do sistema de saúde pública. Os cortadores de cana recebem por produção e isso causa a exploração. Muitos ficam doentes e não conseguem mais trabalhar”.
O Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lagoa da Prata, Nelson Rufino, denuncia que, “A usina Louis Dreyfus causa grande destruição do meio-ambiente. O trator da empresa arranca as árvores e depois enterra para esconder o crime ambiental. Somente metade dos canais onde depositam o vinhoto é feita de cimento. Nos outros canais o vinhoto vai direto para o subsolo e para os rios. Nós chamamos o vinhoto de “água que fede”.
Rufino descreve ainda os impactos sociais nos municípios da região. “As cidades estão totalmente cercadas porque a cana chega até as áreas urbanas. A empresa joga veneno de avião e o índice de câncer na população é enorme. Só na minha família temos cinco casos de câncer e isso é comum na cidade. Há mais de 140 trabalhadores afastados por problemas de saúde como tendinite, problemas de coluna, asma e outras doenças pulmonares. Temos registros de cinco casos de mortes por acidentes de trabalho. Dois trabalhadores caíram nas caldeiras, um morreu durante a queima da cana e outros dois morreram em acidentes com o trator”.
Grande parte dos cortadores de cana é migrante e está vulnerável à exploração e ao preconceito. O local onde vivem em Lagoa da Prata é chamado de “Carandirú”. Rufino afirma que “Para os trabalhadores a situação piorou porque perdemos renda. Ano passado fizemos uma greve de 45 dias e conseguimos um aumento de $2,50 para $2,80 por tonelada de cana cortada. Mas a empresa quer buscar uma forma de nos incriminar e está processando o sindicato”.
Outra forma de manipular os trabalhadores é estimulando a competição. Para isso, a empresa os divide em grupos, de acordo com a quantidade de cana cortada. Quem não cumprir a meta não será contratado na próxima safra. Aqueles que atingem a maior meta vão para a turma dos “touros”, que cortam de 17 a 25 toneladas de cana por dia. Muitos trabalhadores desse grupo foram afastados por problemas de saúde e agora são chamados de “bezerros doentes”.
Mesmo em áreas onde já havia atividade agrícola, o monocultivo da cana gera um grau muito maior de devastação porque substitui agricultura diversificada por cultivos homogêneos e contínuos, o que leva à destruição total das reservas florestais. A demanda das empresas por grande quantidade de terras de boa qualidade, com acesso à água e à infra-estrutura, gera devastação dos recursos naturais e da agricultura local. Portanto, não é verdade que a indústria da cana se expande para áreas degradadas e terras marginais, como afirma o governo.
Moacir Gomes, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bambuí, conclui que, “O presidente Lula não conhece a realidade. Como pode dizer que a cana não substituiu áreas de produção de alimentos? As usinas estão trazendo miséria e vai faltar comida na mesa da população”.
- Maria Luisa Mendonça é jornalista e coordenadora da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos.
Fonte:http://ecourbana.wordpress.com/2008/07/16/monocultura-de-cana-devasta-o-cerrado-no-alto-sao-francisco/
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